Manifesto pela Anarquia Sócio-Ecológica

Sabemos que o ser humano é agora escravizado pelo mercado, aqueles que não possuem os meios de produção são obrigados a vender sua força de trabalho, ou seja, porções do seu já curto tempo de vida em troca de dinheiro que será escasso para suas necessidades mais básicas. E mesmo tão escasso ainda será gasto com futilidades, fruto do controle da massa através da mídia que a todo o tempo provoca as pessoas a comprar mais consumir mais, consumo fútil, consumismo como uma forma de aliviar os cidadãos do estresse do cotidiano, consumo que é luxo de alguns em detrimentos de todos, sobretudo dos cidadãos marginalizados e que por isso, vivem na miséria. São marginalizados porque vivem na miséria e vivem na miséria porque são marginalizados.

Manifesto pela Anarquia Sócio-Ecológica

Então é sob o risco de passar fome que o escravo atual vende sua mão de obra, para o sistema funcionar existe a necessidade de que alguém -um marginalizado diga-se passagem, passe fome. Para que assim o cidadão médio possa ver que há o risco de passar fome e não vê outra opção a não ser vender sua mão de obra. Não há novidade nisso.

Portanto, garantir a autonomia alimentar dos povos, das comunidades pode ser o nosso grande passo em direção à um movimento de resistência contra o crescente fascismo neo-escravista do séc. XXI. Até então chamado neoliberalismo global. No século passado durante as crises dos burgueses e dos Estados o liberalismo econômico se transformou e deu origem ao fascismo, não preciso me referir às mazelas deste. Pois vemos agora o Neoliberalismo provido de um mercado global com forte influência de grandes bancos internacionais (estes sim detem todo o poder acima dos Estados) entrando em sucessivas crises e fazendo ressurgir o fascismo como reação das Elites à instabilidade provocada por elas mesmas. 

Os marginalizados pagam então a maior conta pois sofrem extermínio, seja pela fome ou pelas armas. A segunda maior conta é paga pelos que não são exterminados pois estes serão escravizados. 

Como então nos liberar deste escravismo?

A resposta está na resistência de base, junto aos mais excluídos aos marginalizados e utilizando a Terra como forma de resistir e de criar diálogo e autonomia, cultivando-a e distribuindo de graça os alimentos, e junto a isso criar um diálogo entre os povos. Ocupando terrenos urbanos ou rurais, tornando-os divulgadores de autonomia política, social, cultural, e alimentar. É oferecendo os serviços que tanto o Estado quanto o Poder privado negam aos excluídos que iremos convocá-los estar ao nosso lado na luta contra o fascismo e todas as formas de opressão.

É preciso durante o estabelecimento das ocupações e ações populares promover contato e solidariedade entre elas, de forma a criar um movimento coeso mas livre, autônomo e autossuficiente. Todos os povos, para se emancipar por completo da tirania e da opressão precisam durante deste processo de emancipação recuperar o contato com a Terra e com os outros seres vivos deste planeta, precisam compreender-se dentro deste organismo que é a Terra. O plantio, proporciona esse contato com a Terra não haverá socialismo de verdade enquanto os socialistas forem antropocentristas. 

O sistema politico-social vigente não vai cair de podre antes de ter tornado inviável a vida na terra. É por isso que há a necessidade da revolução, porque caso o ritmo de destruição global do meio ambiente continue, em pouco tempo pode não haver volta. A água potável se tornar escassa é apenas mais um alarme, é preciso recuperar as florestas tropicais e faze-las avançar por onde hoje existem campos de monocultura para que o ciclo da água se restabeleça. A escassez da água atenderá aos interesses nefastos do fascismo internacional pois já hoje ela se torna uma commoditie – lê-se: vai ter apenas quem puder pagar.

Temos ao nosso lado o conhecimento proveniente da observação da natureza, métodos de agroecologia que são capazes de produzir mais alimento e em melhor qualidade do que o método de produção capitalista, a monocultura. A permacultura, a agricultura urbana, a recuperação de ambientes, o saneamento ambiental… é preciso alcançar os marginalizados e oferecer à eles tudo que os opressores negaram. Como?

Em conjunto com outros ativistas você identifica uma realidade e pensa como poderá mudá-la então se busca ocupar algum terreno próximo à comunidade e trabalhar aos poucos, primeiro estabelecendo um contato com a população, procurando se colocar entre eles de igual para igual, levantando problemáticas e procurando soluções em conjunto, a ocupação deve ser do povo, pelo povo e para o povo, aquilo que se plantar deverá ser colhido e compartilhado. Um grupo de ativistas pequeno e com disposição pode iniciar um mutirão que reúna toda uma comunidade mas não há receitas prontas, como pregam alguns partidos é preciso estar vivendo na comunidade, a frequentando para saber como lidar com as situações. No caso da impossibilidade de iniciar uma ocupação, porque não trabalhar nos quintais das pessoas? Quem não quer uma horta em casa, é possível mobilizar mutirões até nesse sentido, é necessário lembrar que x ativista anarquista nesse caso pode ter intuições e iniciativa, mas deve tomar cuidado para não formar conflitos e não se tornar uma liderança, ou autoridade, isso iria atrapalhar o protagonismo daquela população que está se direcionando para a ação. 

A revolução precisa ser Biocêntrica precisa reconhecer cada habitat natural como importante para o equilíbrio do Planeta, que permite a vida. Muitos socialistas falharam em compreender que não há sociedade se não houver um ambiente capaz de suportá-la. Não podemos repetir este erro. Até porque o antropocentrismo nunca abrangeu todas as etnias é eurocêntrico, excludente. O Biocentrismo deve ser o paradigma daqueles que querem uma verdadeira revolução, porque quem consegue escravizar um animal consegue escravizar um outro da mesma espécie.

A revolução vai ser libertária, social, ecológica e biocêntrica.

Via: AnakoIdeias