Por que nós somos anarquistas?

Assista o vídeo: Porque nós somos anarquistas

Nós somos anarquistas, porque há vários séculos, temos sido vítimas de todos os tipos de governos, que ao longo dessa tirania, foi aparecendo mais um ladrão, mais um fanático, mais um assassino mais um déspota. Nós somos anarquistas porque nós achamos que não existem razões para ser explorado e para que tenhamos de trabalhar para que um grupo de sem vergonhas se tornem milionários. Nós somos anarquistas, porque não aceitamos nas leis que são inventadas para assassinar e sufocar o nosso grito de protesto. Nós somos anarquistas porque não acreditamos nas suas guerras, em suas pátrias, ou em seus deuses. Nós somos anarquistas porque detestamos sua polícia, os seus generais, reis e presidentes. Nós somos anarquistas, porque, ao contrário deles, sofremos com as desgraças humanas. Nós somos anarquistas, porque queremos vida livre, saudável, de respeito mútuo e igualdade para os nossos filhos e filhas. Nós somos anarquistas porque não aguentamos ver as lágrimas de tantas pessoas boas, humildes, que têm sido enganadas geração após geração. Nós somos anarquistas, porque estamos envergonhados desse sistema, em que vemos, não só morte, mas: fome, prisões, repressão, desigualdade, e alienação além de milhões de mentiras. Nós somos anarquistas porque conhecemos o seu poder, a sua força, seu terrorismo, a calúnia, vocês nos assassinam nos encarceram, nos difamam.

Chamamos de terroristas, algumas pessoas que dominam outras pessoas com bombas, tanques, armas, prisões,torturas e execuções, hospitais psiquiátricos e a mentira do inferno. Dizem que Anarquia é o caos, mas na sua sociedade capitalista é que vemos criminalidade, prostituição, desigualdade, destruição, ao mesmo tempo: excesso de comida e milhões de seres humanos morrendo de fome, bombardeios de povoados, cidades, países inteiros, arrasam tudo com sua ganância causando pânico geral.
Sua ambição, seu egoísmo, sua burrice, Sua cegueira e loucura pelo poder está destruindo a você mesmo, os seu filhos e seus netos não vão querer lembrar de você, seu sistema está em caos porque é sustentado por mentiras, terror, artigos, Códigos, leis, recompensas e punições. É por isso que somos anarquistas,somos anarquistas para mudar esta sociedade positivamente, para que você se cure dessa loucura perigosa, Nós somos anarquistas, porque é necessário que haja alguém para gritar suas atrocidades, porque não temos medo, como muitos não tiveram. Nós somos anarquistas nas ruas, na prisão, na cadeira elétrica, no julgamento e nos cemitérios.
Porque ser um anarquista é ser muitas coisas que você nem compreende nem tem capacidade de entender, e assim, nos assassinam desde séculos atrás, nos põem a culpa e nos aprisionam, alienam soldados e policias para que vos defendam, usam de todas as artimanhas para nos derrubar, mas, chegam a conclusão de que, para cada anarquista que vocês assassinam, nasce outro.
Não iremos lhes perdoar, não jogaremos o seu jogo, somos aqueles que não creem em suas promessas, dói em vocês quando defendemos a liberdade e a igualdade, acreditamos na arte, no progresso, na educação, não precisamos nem de deuses, nem mestres, acreditamos nos seres humanos, na Natureza, nos direitos e deveres de cada um, queremos uma sociedade de paz, amor e respeito mútuo, uma sociedade que não parece ser nada igual a sua, queremos uma sociedade anarquista.

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As poucas linhas que se seguem não constituem um programa. Elas não têm outro fim senão o de justificar a utilidade de elaborar um projeto de programa, que seria submetido ao estudo, às observações e às críticas de todos os revolucionários comunistas.

Talvez contudo elas encerrem uma ou duas considerações que poderiam encontrar o seu lugar no projeto ao qual apelo.

Somos revolucionários porque queremos justiça e em toda a parte vemos a injustiça reinar à nossa volta. É em proporção inversa do trabalho que são distribuídos os produtos do trabalho. O ocioso tem todos os direitos, até o de esfomear o seu semelhante, ao passo que o trabalhador nem sempre tem o direito de morrer de fome em paz: ele é aprisionado quando comete greve. Pessoas a chamadas padres procuram fazer acreditar em milagres para que as inteligências lhes sejam servis; pessoas chamadas reis dizem-se provenientes de um amo universal para serem amos por sua vez; gente por eles armada açoita, golpeia e fusila a seu bel-prazer; gente de capa preta que se diz a justiça por excelência condena o pobre, absolve o rico, e muitas vezes vende as condenações e as ilibações; comerciantes distribuem veneno em lugar de alimento, matam a retalho em vez de matar por atacado, e assim tornam-se capitalistas honrados. O saco de moedas de ouro é o chefe, e aquele que o possui tem em seu poder o destino dos outros homens. Tudo isto nos parece infame e queremos modificar. Contra a injustiça fazemos apelo à revolução.

Mas «a justiça não é mais que uma palavra, uma mera convenção», dizem-nos. «O que existe é o direito da força!» Pois bem, se é assim, nem por isso somos menos revolucionários. Das duas uma: ou a justiça é o ideal humano e, nesse caso, reivindicamo-la para todos; ou só a força governa as sociedades e, nesse caso, usaremos a força contra os nossos inimigos. Ou a liberdade dos iguais ou a lei de Talião.

Mas porquê a pressa? dizem-nos todos aqueles que, para se dispensarem de agir eles próprios, ficam à espera o tempo todo. A lenta evolução das coisas basta-lhes; a revolução dá-lhes medo. Entre eles e nós a história já se pronunciou. Jamais algum progresso, parcial ou geral, foi realizado por simples evolução pacífica — é sempre feito pela revolução repentina. Se o trabalho de preparação se opera com lentidão nos espíritos, a realização das ideias ocorre bruscamente: a evolução faz-se no cérebro, e são os braços que fazem a revolução.

E como proceder a essa revolução que vemos preparar-se lentamente na Sociedade, e que nos esforçamos por ajudar a fazer chegar? É agrupando-nos em orgãos subordinados uns aos outros? É constituindo-nos, como o mundo burguês que combatemos, num conjunto hierárquico, com os seus responsáveis superiores e os seus irresponsáveis inferiores, mantidos como instrumentos nas mãos dum chefe? Para nos tornarmos livres começaremos por abdicar? Não, pois somos anarquistas, isto é, homens que querem manter a plena responsabilidade dos seus atos, que agem em virtude dos seus direitos e deveres pessoais, que concedem a um ser o seu desenvolvimento natural, que não têm ninguém por mestre e não são os mestres de ninguém.

Queremos libertar-nos do aperto do Estado, não ter mais sobre nós superiores que possam comandar-nos e pôr a sua vontade no lugar da nossa.

Queremos rasgar toda a lei exterior, limitando-nos ao desenvolvimento consciente das leis interiores de toda a nossa natureza. Suprimindo o Estado, suprimimos também toda a moral oficial, sabendo de antemão que não pode haver moralidade na obediência a leis incompreendidas, prática de que nem mesmo se procura dar conta. Não há moral sem ser na liberdade. É também só pela liberdade que a renovação se torna possível.

Queremos manter o nosso espírito aberto, alargando-se a todo o progresso, a toda a ideia nova, a toda a iniciativa generosa.

Mas, se somos anarquistas, inimigos de todo o chefe, somos também comunistas internacionais, pois compreendemos que a vida é impossível sem agrupamento social. Isolados nada podemos, ao passo que pela íntima união podemos transformar o mundo. Associamo-nos como homens livres e iguais, trabalhando para uma obra comum e regulando as nossas relações pela justiça e a benevolência recíproca. Os ódios religiosos e nacionais não nos podem separar, porque o estudo da natureza é a nossa única religião e porque temos o mundo por pátria. Quanto à grande causa das ferocidades e das baixezas, ela deixará de existir entre nós. A terra tornar-se-á propriedade coletiva, as barreiras serão levantadas e doravante o solo, pertencendo a todos, poderá ser arranjado para o agrado e o bem-estar de todos. Os produtos requeridos serão precisamente os que a terra pode melhor fornecer, e a produção responderá exatamente às necessidades, sem que nada se desperdice como no trabalho desordenado que hoje se faz. Do mesmo modo a distribuição de todas essas riquezas entre os homens será retirada do explorador privado e feita pelo funcionamento normal da Sociedade inteira.

Não nos cabe traçar de antemão o quadro da sociedade futura: É à ação espontânea de todos os homens livres que compete criá-la e dar-lhe a sua forma, de resto continuamente mutável como todos os fenómenos da vida. Mas o que nós sabemos é que toda a injustiça, todo o crime de lesa-humanidade, nos encontrarão sempre de pé para o combate. Enquanto a iniquidade perdurar, nós, anarquistas-comunistas internacionais, permaneceremos em estado de revolução permanente.

ÉLISÉE RECLUS.