Bolsonaro: O messias de farda e o estelionato da antipolítica

Do capitão ao caudilho, do baixo clero ao topo da República: um ensaio sobre o golpe disfarçado de voto. Jair Messias Bolsonaro ñ chegou ao poder por méritos próprios. Foi parido pelo ódio, embalado pela ignorância e batizado nas águas turvas da #antipolítica. Enquanto o povo sangrava de frustrações com o sistema, ele apareceu como um espantalho tosco que prometia varrer tudo, mas apenas varreu os restos do povo para debaixo do tapete da caserna.

Ele dizia ser contra o sistema. Mas o sistema não o combateu: o promoveu. Durante 28 anos no #Congresso#Bolsonaro foi exatamente o que dizia combater, #corporativista, fisiológico, inerte. Votou com a #elite econômica, aumentou o próprio salário, fez da política um negócio de família. Era o retrato perfeito da mediocridade institucional.

Mas o caos lhe deu palco. O antissistema fabricado. No vácuo deixado pela falência ética da #esquerda institucional, Bolsonaro se travestiu de #mito: o homem simples, contra tudo isso que está aí. Mas não havia nada de novo em sua proposta. Era o velho autoritarismo reciclado, o mesmo que torturou, censurou e matou em nome da “ordem”, agora fantasiado de meme e distribuído em disparos ilegais no WhatsApp. Ele não prometeu direitos, prometeu armas. Não ofereceu justiça, ofereceu vingança. E uma nação ferida, deseducada e com fome de punição, mordeu o anzol.

Foi o governo da barbárie planejada, Bolsonaro governou como sempre quis: pelo confronto, pela destruição, pelo culto à #ignorância. Fez da #pandemia uma guerra cultural, enquanto corpos empilhavam-se em UTIs lotadas. Mais de 700 mil brasileiros mortos, muitos por negligência deliberada, por cloroquinas e mentiras, por um negacionismo que não era burrice, era projeto.

Sua cruzada contra a educação, a ciência e a cultura não foi acidente. Foi estratégia. Um povo que lê, pensa e organiza-se é um povo perigoso. Para ele. Ele foi o cerne do desmonte das Instituições, a lógica de Bolsonaro nunca foi “melhorar o sistema”. Foi desmoralizá-lo até que ele próprio fosse a única autoridade restante. Tentou aparelhar a #PolíciaFederal, o #Exército, o #MinistérioPúblico. Fez de filhos parlamentares seus principais operadores. Criou uma rede de influenciadores e milicianos digitais para espalhar o medo, o caos e a mentira.

E enquanto discursava em nome de #Deus, da #Pátria e da #Família, seus aliados saqueavam o orçamento secreto, vendiam ouro ilegal, superfaturavam vacinas e blindavam aliados corruptos. A nova política era só a velha política sem filtro.

O Capitão que Fugiu! Quando o cerco apertou e a #Justiça se moveu, o “mito” correu para Orlando, EUA, como qualquer réu comum. O homem que falava em enfrentar tudo, fugiu de tudo. Virou turista, virou meme, mas ainda é símbolo de uma doença institucional que permanece: o culto ao autoritarismo.

Bolsonaro e Lula: Dois Lados do Mesmo Prisma? Não. Mas tampouco são opostos reais. Onde Lula prometeu esperança e entregou conchavo, Bolsonaro prometeu destruição, e cumpriu. Um mentiu com flores, o outro com pedras. Mas ambos, no fundo, defenderam o mesmo: a manutenção de um Estado centralizador, distante, manipulador e serviçal do capital. O problema não está em Lula ou Bolsonaro. Está na ideia de que alguém no topo pode representar os de baixo. Está no modelo onde a #obediência é lei, e o medo é método.

A mentira da salvação sempre vem pelo voto, Bolsonaro traiu a pátria dos patriotas não apenas com escândalos, mas ao ensinar que brutalidade é virtude. Que inteligência é fraqueza. Que gritar mais alto é vencer o argumento. Que governar é guerrear contra o povo. Mas como #anarquistas, não esperamos ética de generais nem compaixão de milicianos. Sabemos que quem defende polícia, quartel e #censura só pode gerar opressão. E que o Estado, qualquer que seja seu rosto, será sempre o bastão da desigualdade.

Enquanto aceitarmos Messias, continuaremos crucificados.
Nem Messias, Nem Mito: Liberdade se Vive, Não se Vota!
A liberdade não virá de fardas nem de urnas. Virá da recusa. Da desobediência civil. Da solidariedade concreta entre os de baixo. De cooperativas e hortas urbanas. De ocupações. De assembleias de bairro. De redes autônomas onde o poder não manda, serve. Onde ninguém governa, e todos decidem.

Porque Bolsonaro não é o fim. É sintoma. E se não mudarmos a raiz, o culto à autoridade, novos tiranos surgirão com novas máscaras. A saída não é trocar o capitão pelo sindicalista. É sair do navio. E nadar rumo à terra firme onde o povo se #autogoverna, sem mitos, sem chefes, sem palácios.

O trono que Bolsonaro ocupou ainda existe. E continuará a ser ocupado por outros monstros, enquanto o povo continuar sonhando com líderes.

Como dizia Emma Goldman: “Se votar mudasse alguma coisa, eles tornariam ilegal.”

No fim, Bolsonaro não foi o trovão que rachou o céu, mas o eco ensurdecedor da velha ordem disfarçada. Prometeu romper com tudo, mas só reforçou os grilhões. Bravou contra o sistema, mas se deitou com ele. Fez-se mito para ocultar a máquina, e no teatro do poder, virou apenas mais um ator, com farda no palanque e lucro no discurso.

Mas que se cale o mito. Que se apague o líder. A liberdade não cabe em discursos nem decretos. Ela germina onde o Estado não pisa, floresce em lares autônomos, em mãos que se ajudam. Não se vota a revolução, ela se vive, no afeto que não obedece, na luta que não se ajoelha, na comunidade que não se vende.

Porque não precisamos de heróis.
Precisamos de hortas, livros, redes e rebeldia.
Precisamos da coragem de dizer:
“Aqui, ninguém manda.”

Nem Lula, nem Bolsonaro foram exceção, foram a prova. Prova de que todo governo, à esquerda ou à direita, quando sobe ao trono, sobe para conservar o trono. Um usou o discurso da fábrica, o outro da pátria, mas ambos serviram à mesma engrenagem: o Estado que oprime, a política que ilude, o poder que corrompe. O povo seguiu pagando a conta, nas filas, nas fardas, nas dívidas. Por isso, não queremos nova gestão do #cárceresocial. Queremos abolir as grades. Porque a verdadeira revolução não é a troca de donos, é o fim da propriedade do poder. Liberdade não é alternância de mandantes. Liberdade é ausência de mandos. E só floresce onde há igualdade, solidariedade e ação direta.

Paz entre nós, guerra aos senhores!
Per aspera ad astra