Os Profetas do Capital: A religião vendida no altar do poder

Desde os anos 70 e 80, um novo tipo de #evangelho tomou corpo no #Brasil. Não o #evangelho dos #pobres, dos #oprimidos e dos #subversivos; mas um evangelho de palco, câmera e conta bancária. O nome de Deus virou CNPJ, e os púlpitos viraram palanques.

Edir Macedo, fundador da Igreja Universal, foi um dos primeiros a entender o espírito do tempo: um #Brasil em transformação, um povo carente e um mercado espiritual em expansão. Ao transformar a fé em espetáculo, #Macedo fundou não apenas uma igreja, mas um império. Comprou a #Record, criou uma rede de influência política e vendeu a salvação em carnês mensais. Seu Deus não é o da libertação, é o da #propriedade, da #hierarquia, do dízimo como obrigação e do Estado como aliado.

SILAS MALAFAIA, por sua vez, vestiu terno e arrogância. Tornou-se o rosto raivoso da religião televangelista, vociferando contra minorias, direitos civis e qualquer sinal de autonomia social que escape de sua doutrina de controle. Usa a #Bíblia como escudo e espada para manter o status quo. Suas alianças políticas são explícitas: marcha com conservadores, promove candidaturas e empurra sua moral contra o que ele chama de “ameaças à família”. Mas sua verdadeira ameaça é contra a liberdade.

Valdemiro Santiago, com seu chapéu de vaqueiro e carisma teatral, foi mais direto ao ponto: vendeu feijões milagrosos, orações com código de barras e esperanças em frascos. Fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus (um desdobramento da Universal), Santiago segue a lógica do mercado: se a fé é produto, ele é o empreendedor. Seu negócio? O desespero do povo.

O #anarquismo, por sua essência, não é inimigo da fé, mas é ferozmente crítico à religião como instrumento de dominação, lucro e submissão. O problema não é #crer, é transformar a crença em moeda, a comunhão em espetáculo e a #espiritualidade em máquina de explorar corpos e consciências.

Esses homens não pregam o #amor, pregam a #ordem. Não libertam, domesticam. Não questionam, mandam. Estão do lado dos donos do mundo, e usam o nome de Deus para ungir as correntes do sistema. O mesmo Jesus quando por aqui passou, não colou nos palácios e mansões, andou com pobres, prostitutas e doentes, bem diferente dos “profetas da fé – detentores da palavra de salvação”, me poupe!

O verdadeiro espírito libertário rejeita qualquer autoridade, política, econômica ou espiritual, que se imponha com medo, culpa ou poder. O anarquismo caminha com os pobres, não os explora. Fala com os invisíveis, não os usa. Sonha com o fim das hierarquias, inclusive aquelas que se disfarçam de santidade. A fé, quando livre, é semente. Mas nas mãos deles, virou planta carnívora.

E que venha a tempestade, se for para lavar os altares de ouro.

Que a fé volte a ser semente no bolso do povo,

não moeda no bolso do pastor.

Ergam-se as mãos não em prece submissa,

mas em gesto de criação, de revolta, de #amorlivre.

Pois onde houver hierarquia, não há #milagre.

E onde houver lucro, não há #sagrado.

Somos vento, somos chama, somos o riso que desmonta tronos.

Sem trono, sem dízimo, sem senhor. A fé, enfim, descalça, correndo livre pelos campos da liberdade.

Paz e Anarquia entre nós, guerra aos senhores!