‘Não neguemos o pão e o coração para ninguém’, diz padre Júlio Lancellotti após críticas por distribuir comida na Cracolândia
O padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo, postou um vídeo nas redes sociais nesta segunda-feira (9), agradecendo o apoio que recebeu após a parlamentar Yanain Pashoal (PSL) criticar a distribuição de alimentos para as pessoas na rua. Localizada no centro de São Paulo, região da Cracolândia.
Segundo o padre, o trabalho da Pastoral do Povo de Rua não é só distribuir comida, mas zelar pelos “marginalizados, descartados, excluídos” da cidade.
“O nosso objetivo principal não é distribuir comida, mas é ser alimento, força e esperança para aqueles que estão esquecidos, marginalizados, descartados, excluídos. Sejamos irmãos de todos. Não neguemos nem o pão, nem o coração para ninguém”, disse Lancellotti (veja vídeo acima).
Após as críticas da deputada estadual, internautas se mobilizaram nas redes sociais em um movimento de ajuda ao trabalho da Pastoral do Povo de Rua, fazendo um “pixaço” (transferência bancária) em favor do trabalho do padre Júlio.
O “pixaço” é um campanha bem humorada de transferência de dinheiro por meio do Pix para a continuidade do trabalho da Pastoral do Povo de Rua. O lema da campanha é “Deixe a Janaína mais pistola. Faça um Pix para o Padre Júlio”.
O G1 procurou a deputada Janaína Paschoal que, por meio de nota, disse que “as pessoas têm liberdade para doar e colaborar com quem e com as causas que bem entenderem”.
O pároco da Igreja São Miguel Arcanjo, da Mooca, agradeceu o movimento de ajuda à Pastoral.
“Queria agradece a todos que têm manifestado sua solidariedade e colaboração com o trabalho e a ação da Pastoral de Rua de São Paulo e com todos os grupos religiosos ou não religiosos, que buscam, sobretudo, serem humanizadores da vida, indo ao encontro daqueles que ninguém quer”, disse Júlio Lancellotti nas redes sociais.https://956b5059ecbfaf70e17d529719ba2337.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Alesp
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), deputado Emídio de Souza (PT) também afirmou nesta segunda (9) que vai propor a realização de uma audiência pública na Comissão para discutir o assunto da doação de alimentos e outros itens à população em situação de rua em São Paulo.
A proposição decorre por causa da polêmica envolvendo a deputada Janaina Paschoal (PSL). De acordo com o deputado, “o objetivo é debater o assunto e tentar encontrar soluções”.
Padre Júlio será convidado. Além dele, serão chamados representantes do governo do estado e da prefeitura, segundo Emídio de Souza.
Por ser parlamentar, Janaina Paschoal tem acesso livre às reuniões da Comissão. Ela não é membro dessa comissão.
Críticas
Durante o fim de semana, a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) fez publicações nas redes sociais criticando o padre Júlio Lancellotti e a Pastoral do Povo da Rua de São Paulo por distribuir comida às pessoas em situação de rua no Centro da capital paulista, na região da Cracolândia.
O post foi feito após o padre afirmar que a Polícia Militar intimidou agentes da pastoral no bairro da Luz, no Centro de São Paulo, para não entregarem comida aos moradores de rua. (Veja nota da Secretaria de Segurança Pública no final da reportagem).
A postagem da deputada recebeu críticas e, neste domingo (8), ela voltou às redes sociais e escreveu que “há anos, todos reclamam da Cracolândia, mas ninguém tem coragem de olhar para as ações que findam por colaborar que aquela região siga assim”.
“Alimentar no vício só estimula o ciclo vicioso! Peço que pensem a respeito!”, completou.
No seu perfil, Lancellotti reproduziu um meme com imagens que representariam a deputada dormindo enquanto o número de brasileiros que morreram por Covid-19 se aproxima de 600 mil e depois exibe ela acordada e revoltada com a doação de comida. Na legenda, ele escreveu “lutar e crer”.
Ao G1, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) enviou a seguinte nota:
“A SSP informa que as forças de segurança paulista atuam diariamente no centro da cidade de São Paulo, inclusive na região da Nova Luz, para garantir a segurança da população e combater todas as modalidades criminosas. O efetivo da PM realiza no local o policiamento preventivo e ostensivo, com o emprego de bases comunitárias móveis, equipes de radiopatrulhamento de duas e quatro rodas, Cavalaria, Baep, equipes de Força Tática e Rocam, além do uso de drones para mapear a área e traçar novas ações. A Polícia Civil também atua no local, por exemplo, com a Operação Caronte, realizada pela 1ª Seccional, que prendeu suspeitos envolvidos com o tráfico de drogas e apreendeu de mais de 3,5 quilos de entorpecentes. As polícias paulistas são instituições legalistas, que respeitam e obedecem o Art. 5°, inciso XV, da Constituição Federal: é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens. De qualquer forma, a Corregedoria da instituição está à disposição para receber todas as denúncias com relação às abordagens policiais.”
Via: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2021/08/09/nao-neguemos-o-pao-e-o-coracao-para-ninguem-diz-padre-julio-lancellotti-apos-criticas-por-distribuir-comida-na-cracolandia.ghtml