Entenda a história do Jornal ‘Charlie Hebdo’ – Alvo de ataques de extremistas a tiros em Paris

Desenhista e diretor do Charlie Hebdo afirmou que não pretendia baixar sua arma (caneta) diante das polêmicas envolvendo sátiras a líderes muçulmanos. O Jornal satírico já havia sofrido ameaças no passado por ter publicado charges do profeta Maomé. Ele é um dos mortos no ataque desta quarta-feira(07/01/2015). Seu último desenho é tristemente premonitório; confira abaixo:

O último desenho de Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, diretor do jornal satírico Charlie Hebdo (reprodução)
O último desenho de Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, diretor do jornal satírico Charlie Hebdo (reprodução)

Numa entrevista dada ao jornal francês “Le Monde” há dois anos, Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, desenhista e diretor do “Charlie Hebdo“, afirmou que não pretendia baixar sua arma (sua caneta), em meio a polêmicas envolvendo sátiras a líderes muçulmanos e ao profeta Maomé. “Não se tem a intenção de degolar alguém com uma caneta”, repetia.
Charb é um dos 12 mortos no atentado desta quarta-feira (7/01/2015) ao jornal “Charlie Hebdo”, em Paris.
Na linha de frente das ameaças que o jornal sofria, ele contava com proteção policial desde o incêndio criminoso que atingiu a sede do periódico em novembro de 2011, após a publicação de caricaturas de Maomé.
Nascido em 21 de agosto de 1971 em Conflans-Sainte-Honorie, Charb havia trabalhado na revista franco-belga L’Echo des savanes, na Telerama, na Fluide Glacial e na L’Humanité.
Ele havia acabado de publicar no último número da Charlie Hebdo, um desenho tristemente premonitório (imagem acima). No desenho, há a frase “Ainda não houve atentados na França”, mas um extremista com uma metralhadora interrompe dizendo “Espere! Temos até o fim de janeiro para fazer nossos votos de ano novo”.

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De acordo com as primeiras informações, dois homens armados e vestidos de preto teriam entrado no edifício e disparado contra as vítimas.

O ataque aconteceu no mesmo dia do lançamento do livro “Soumission”, de Michael Houellebecq, que conta a história de uma França que elege um presidente muçulmano e adota costumes como a poligamia, o uso do véu e dominação masculina. O livro foi muito criticado pelo teor islamofóbico partindo de um autor tão importante para os franceses.

Em entrevista à imprensa, o presidente François Hollande confirmou que 11 pessoas foram mortas na ação, 4 ainda estão em estado grave de saúde e 40 pessoas conseguiram ser resgatadas em segurança. O mandatário ainda informou que fará uma reunião emergencial com sua equipe de governo para debater o assunto, comunicando também que a capital Paris elevou o nível de segurança em seu território.

Classificando a ação como “um excepcional ato de barbárie cometido contra um jornal”, Hollande afirmou que o país “está em choque” e precisa enfrentar a questão de forma unida.

Vincent Justin, um jornalista que trabalha em um edifício próximo à sede do Charlie Hebdo, afirmou que duas pessoas entraram na redação do semanário e começaram a atirar. De acordo com Justin, os autores do ataque gritavam a frase “vamos vingar o profeta”.

A imprensa francesa reporta que parte dos responsáveis pela ação ainda está à solta em Paris. O porta-voz da polícia local, Rocco Contento, confirmou que três suspeitos entraram na redação do periódico por volta das 11h30 (8h30, horário de Brasília). “Eles abriram fogo contra todos, foi uma verdadeira carnificina”, disse o policial.

Suspeita na Espanha

Horas após o atentado no Charlie Hebdo, a sede do grupo Prisa, em Madri, onde funcionam o jornalEl País e o Huffington Post, além de outros meios de comunicação, foi evacuada por uma hora e meia, devido à presença de um pacote suspeito.

O pacote, do tamanho de uma caixa de sapato, foi detectado em uma das entradas do prédio. Após análise da equipe de segurança, no entanto, foi constatado que tratava-se de um falso alarme.

Outros meios de comunicação espanhóis como El Economista, 20 Minutos e Libertad Digital também paralisaram as atividades devido à presença do suposto artefato explosivo.

Via: Opera Mundi, Pragmatismo político e Agência Efe