Como votam os anarquistas?




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Como votam os anarquistas?

— Olá Maria!

— Oi Ana! Nossa, que bom que eu te encontrei. Sabe, estou aqui pensando em quem eu vou votar. Você, que sempre fica falando de política, pode me ajudar?




— Você sabe que eu sou anarquista né?
— Sim! E eu queria saber isso mesmo, como votam os anarquistas?
— Votamos nos atos de rua, nas assembleias dos movimentos sociais, nos sindicatos. Votamos na luta!
— Sim, mas e nas urnas? Vocês votam nulo então?
— Na verdade, para nós o voto nas urnas não faz a menor diferença. Não importa em quem você vota, nenhuma das mudanças que nós realmente queremos e precisamos virá dos representantes! Além do que, as eleições estão definidas muito, muito antes do dia em que vamos às urnas.
— Como assim? Você está dizendo que elas não são justas?
— Nem um pouco! Para ganhar as eleições, você precisa fazer campanha. Pra fazer campanha, você precisa de financiamento, que vem das indústrias, bancos, do agronegócio… Ou seja, quem não se vende para os ricos, não tem a menor chance de ganhar! Todos os candidatos que tem alguma chance vão defender os interesses de quem os financiou.
— Ah, mas os candidatos são diferentes… Sempre tem um que é menos pior, não é mesmo?
— São diferentes sim, mas não faz muita diferença para nós, pessoas trabalhadoras. Sabe, todos os candidatos que tem alguma chance de ganhar representam os interesses dos poderosos… Eles só fazem isso de jeitos diferentes. Nenhum deles trata dos problemas mais fundamentais da sociedade. Hoje em dia temos um governo federal que se diz de esquerda, mas na prática está privatizando o que é público, não investe nos nossos direitos essenciais,como educação, saúde e transporte… Ou seja, nem mesmo reformas ele é capaz de fazer.
— Mas então não devíamos votar em candidatos que realmente fariam essas reformas?
— Nenhum deles faria essas reformas, porque eles têm que obedecer às leis do capital internacional. Eles não podem dar o calote na dívida pública, por exemplo. O Estado é todo construído pra que isso não aconteça. E sem mexer nisso, nenhuma reforma realmente profunda é possível, porque a maior parte do nosso dinheiro vai pro pagamento dessa dívida. Ou seja, além de os vencedores já estarem definidos pelo financiamento, o que eles vão fazer é limitado pelo poder econômico, tanto dos ricos do país, quanto dos interesses dos ricos do mundo todo! Mais do que isso, a política brasileira é dominada por bancadas conservadoras, que impedem até mesmo as reformas num sentido de garantir direitos para as minorias.
— Ué, pra que eleições então?
— Elas servem pra legitimar o discurso de “democracia”, que de democrático não tem nada! É muito vantajoso para as pessoas que estão no poder iludir o povo com a ideia de que temos o poder de mudar alguma coisa através do voto, nos distanciando das ações que são realmente transformadoras. Dessa forma, legitimam aqueles que estão no poder, governando para os ricos, e quando as coisas não vão bem, a culpa é do povo que “não soube votar”.
— Mas se não é através do voto, o que podemos fazer?
— Ir às ruas, às lutas de base. Para nós, anarquistas, importa muito mais as lutas cotidianas, a construção de uma outra alternativa de fazer política, do que votar ou não em um ou outro candidato…
— E desde quando ficar gritando na rua é fazer política?
— Desde muito tempo! A maior parte dos direitos do povo foram conquistados assim. Quando os trabalhadores fazem uma greve e a levam até o fim, eles conquistam melhores condições de trabalho; Quando os sem-teto ocupam um imóvel, eles avançam no seu direito de moradia; O mesmo vale para os sem-terra que ocupam terras; quando os moradores da periferia fazem um protesto, trancam vias, radicalizam, eles conquistam suas pautas, que são necessidades básicas do bairro onde moram; quando os estudantes pressionam os reitores e governantes é que eles conseguem mais assistência estudantil e por aí vai. Em nenhum desses casos, dependemos de representantes! Em todos esses casos, quem realmente faz a política é o povo. E da melhor forma possível: O povo fazendo política para o povo!
— Ah é? E quando isso aconteceu de verdade?
— Muitas vezes! E nem precisamos ir longe: nas jornadas de junho do ano passado, o que aconteceu quando milhões de pessoas foram para as ruas? A passagem de ônibus de mais de 100 cidades baixou. Vimos recentemente várias greves fortes e radicalizadas, atropelando as direções pelegas dos sindicatos, saindo com conquistas de direitos, mostrando que a organização dos trabalhadores fala muito mais alto do que a voz de qualquer direção! E esses movimentos não estavam dependendo de representantes para nada disso.
— Tá bom, Ana, vou pensar nisso tudo que você me disse…
—Olha, e temos muito o que fazer de política nessa sociedade. E saiba que para os anarquistas a política não é feita somente em ano de eleição, para nós ela é feita todos os dias. Se quiser participar, fale com algum de nós!
— Tá bom, pode deixar. Até mais!
— Até!

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