Anarquismo e ação direta como estratégia ético-política – persuasão e violência na modernidade
Este trabalho se propôs discutir os significados da ação direta e sua relação comos anarquismos. Busquei, primeiramente, uma compreensão “ampliada” do campo do político utilizando o modelo da guerra proposto por Foucault em seus escritos sobre a governamentalidade, com o objetivo de apreender a ação direta como ação política diferente da concepção liberal. Assim, procurei referendar essa pesquisa nos principais autores, teóricos e militantes dos anarquismos, como Proudhon, Bakunin, Malatesta,Pelloutier, Pouget e outros, para reconstituir a teia de significados, relações, referentese ressonâncias da ação direta dentro do movimento social e operário e, particularmente, no sindicalismo revolucionário e no movimento anarquista. A análise foi, a seguir,direcionada para os escritos de Malatesta, em especial aqueles que procuraramcaracterizar a anarquia como uma organização política que rejeita certos tipos deautoridade e que procura fazer um uso ético da violência. A pesquisa e análise permitiram considerar a ação direta como uma estratégia ético-política, que se utilizatanto da violência quanto da persuasão através da “pedagogia revolucionária”, da propaganda, boicotes, sabotagens e revoltas de vários tipos, e esses dois dispositivos políticos (violência e persuasão) se relacionam um com o outro. Por fim, o próprioestudo da ação direta possibilitou a compreensão do campo do político para além dos parâmetros da democracia liberal.