Teresa Mané – Soledad Gustavo
Teresa Mané – Soledad Gustavo, destacada lutadora sofreu muitos processos, devido ao rigor das autoridades judiciais, mas nunca chegou a ser presa. Ela prosseguiu sem descanso sua luta, fazendo frente aos perigos da repressão governamental. No ano de 1902, começava uma nova campanha para salvar os presos que foram acusados em um processo chamado “Mano Negra”, processo este forjado pela guarda civil e que acabou em fuzilamento de sete companheiros e numerosas condenações.
À “Mano Negra” se imputou todos os roubos que aconteciam na cidade. Mas na realidade a origem da atividade daquela organização era outra. Em 1882, aconteceu em Sevilha o Congresso da Federação de Trabalhadores da região espanhola. Esta associação, de caráter anarquista, contava com uma força muito numerosa, possuía um total de 57.934 filiados. Por referencias históricas sabemos que assistiram a este congresso 400 delegações. Quando tinham conhecimento que uma família estava passando por dificuldades, seja por doença ou falta de trabalho, procuravam ajudá-las de todas as formas. Chegaram uma vez a apropriar-se de frutos que estavam em poder de grandes latifundiários. Soledad Gustavo, sabendo que aqueles homens não tinham jamais feitos atos de que eram acusados, se interessou por suas causas, e desafiando todo o perigo, se colocou ao lado deles. Fruto de sua tenacidade e temperamento de revolucionária anarquista, ela tentou liberar quinze companheiros dos vinte que haviam sido condenados à prisão perpetua. Ela lançou uma campanha na imprensa anarquista denunciando a
situação em que se encontravam os companheiros. Em Barcelona, o ministro de justiça na época era Eduardo Dato, que por mediação do companheiro Fernando Tarrida del Mármol, fez passar um comunicado que perguntava a Soledad Gustavo o que ela queria para terminar com a campanha. Ela contestou, e disse que o que queria era a liberdade dos anarquistas. O periódico El País, publicou uma nota em que textualmente dizia: “A professora Teresa Mañé (Soledad Gustavo) solicita a liberação dos presos da “Mano Negra”. Depois de muitos anos morando em Madrid, toda a família Montseny-Mañé, se mudou para Barcelona. Na cidade de Condad se estabeleceram em la Barriada de Horta com a intenção de fundar uma academia de ensino. Mas a reação das pessoas em relação aos propósitos da família Urales-Gustavo não foi boa. Esta foi para todas uma etapa de dificuldades econômicas, trabalhos e penúrias múltiplas. Soledad Gustavo traduzia livros e como possuía uma boa caligrafia, fazia cópias para as companhias teatrais de Barcelona. Por volta do ano de 1920, volta a luta. Com um trabalho, sacrifícios e duras provas de vida, a granja Cerdanyola havia lhes dado benefícios, os quais lhe permitiu realizar um desejo antigo que era publicar novamente a “Revista Blanca” e em 1925, “La Novela Ideal”, e mais tarde, “ La Novela Libre”. Não obstante, a companheira Soledad Gustavo continuava sem parar escrevendo com uma brilhante literatura, artigos periódicos, folhetos e trabalhando tenazmente na administração de suas publicações. Em 1933 ampliou as edições com a publicação do semanário “El Luchador”, no qual colocou a vanguarda das idéias ácratas e, apesar de sua idade avançada e de uma grave doença que ia minando sua saúde, ela não decaiu jamais em seu otimismo e seguiu escrevendo e trabalhando antes e durante a Revolução Espanhola. A derrota dos anarquistas na Revolução Espanhola e os sofrimentos que padeceu na ida para a França, acabaram com as energias físicas desta anarquista. Soledad Gustavo morreu em um hospital da cidade francesa de Perpignan, poucos dias após atravessar a fronteira França-Espanha dentro de uma ambulância em dezembro de 1938.