Rudolf Rocker: anarco-sindicalismo e Revolução Espanhola (Prefácio em Rudolf Rocker, “Tragédia na Espanha”, LDOPA, 2006)

A publicação no Brasil de Tragédia na Espanha de Rudolf Rocker chega em boa hora e pode ser considerada como mais um ato de comemoração do septuagésimo aniversário da Revolução Espanhola de 1936.

Muito comentado e analisado dentre os anarquistas, mas de pouco conhecimento entre público em geral, este acontecimento está entre os mais belos exemplos da história de resistência de um povo contra a exploração e a opressão.

Além disso, traz em seu seio provas concretas de que a autogestão econômica – a gestão feita sem hierarquia e diretamente democrática – é possível, e que há um outro caminho, diferente das relações capitalistas de produção para o rumo do mundo de hoje.

Voltando à Espanha de 1936, encontramos um movimento anarco-sindicalista muito forte – claramente inspirado na Confédération Generale du Travail (C.G.T.) francesa dos primeiros anos do século XX –, levantando as bandeiras da ação direta e da sabotagem como principais meios de luta.

A criação da Confederación Nacional del Trabajo (C.N.T.) espanhola, em 1910, unifica a luta dos trabalhadores do país, estimulando a solidariedade e o sindicalismo combativo, independente de credos ou grau de instrução.

Além disso, a C.N.T., diferente dos sindicatos de hoje, estimulava uma militância de base, fugindo das organizações hierárquicas e assalariadas que constituem verdadeiras burocracias administrativas.

Inspirada abertamente nas tradições de Proudhon e Bakunin, a C.N.T. defende o comunismo libertário: uma sociedade organizada de baixo para cima e pelos princípios do federalismo, tanto no âmbito sindical (para as questões voltadas ao trabalho) quanto no âmbito comunal (para as questões que dizem respeito ao bairro, às localidades).