O Anarquismo no Século 21 e Outros ensaios – Livro de David Graeber
Está cada vez mais claro que a era das revoluções não acabou. E torna-se da mesma forma evidente que o movimento revolucionário global no século XXI terá origens que remontam menos à tradição do marxismo, ou mesmo do socialismo no sentido estrito, que à do anarquismo. Em todo lugar, do Leste Europeu à Argentina, de Seattle a Bombaim, as ideias e os princípios anarquistas geram novos sonhos e visões radicais. Muitas vezes seus expoentes não se denominam “anarquistas”. Existe uma série de outros nomes: autonomismo, antiautoritarismo, horizontalidade, zapatismo, democracia direta… Mesmo assim, estão sempre presentes os mesmos princípios fundamentais: descentralização, associação voluntária, ajuda mútua, redes sociais e, sobretudo, rejeição a qualquer pensamento de que os fins justifiquem os meios e, mais ainda, de que o negócio do revolucionário seja tomar o poder do Estado e então começar a impor sua própria visão à bala. Acima de tudo, o anarquismo, como uma ética de prática — a ideia de se construir uma nova sociedade “dentro da casca da antiga” —, tornou-se a inspiração essencial do “movimento dos movimentos” (do qual os autores fazem parte), cujo propósito desde o início é menos tomar o poder do Estado do que expor, deslegitimar e desmantelar mecanismos de comando ao mesmo tempo em que conquista espaços cada vez maiores de autonomia e gestão participativa dentro dele.
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