Fábio Lopes dos Santos Luz

Fábio Lopes dos Santos Luz ANARQUISTA

Fábio Lopes dos Santos Luz (Valença, 31 de julho de 1864 — Rio de Janeiro, 9 de Maio de 1938) foi um anarquista, médico, escritor, romancista, crítico, contista, ensaísta, professor, membro da Academia Carioca de Letras e professor brasileiro. Foi abolicionista e auxiliou imigrantes no Rio de Janeiro. No movimento sindical participou de uma série de manifestações, lutou ferrenhamente contra o avanço do Bolchevismo.

Primeiros anos

Passou a infância e a adolescência em sua cidade natal, no sul da Bahia. Entre 1883 e 1888 estudou Medicina em Salvador. Neste período, já se encontrava envolvido com a propaganda abolicionista e republicana. Identificava então na ordem imperial o fator básico da manutenção e ampliação das injustiças sociais, da miséria e da opressão política sofridas pelas classes populares, realidade que já o sensibilizara nos seus primeiros anos em Valença.

Vida no Rio de Janeiro

Formando-se, veio ganhar a vida no Rio de Janeiro, tendo iniciado sua atividade profissional na Hospedaria de Imigrantes em Pinheiros. Além de praticar a medicina, conseguiu um emprego de inspetor escolar. Mais tarde, com clínica instalada no bairro do Méier, obteve a admiração e o respeito da comunidade local pelo desvelo com que tratava os doentes, inclusive aqueles sem recursos, principalmente nas epidemias que na época assolavam a então Capital Federal.

Conhecendo o anarquismo

Fábio Luz alinhou-se no anarquismo compondo a corrente do chamado comunismo libertário, tendência cujos princípios fundamentais são encontrados no pensamento de Kropotkin, Elisée Reclus e Malatesta, princípios estes aos quais certamente adequavam-se suas aptidões pessoais e a particularidade de sua posição social. Pois sendo um intelectual de classe média (um “burguês”, como se definia), e considerado nos meios intelectuais da elite carioca, o médico baiano não se furtava a militar no anarquismo e a sonhar com a revolução social, bem em conformidade com aquelas concepções do comunismo libertário que não vêem necessariamente a revolução social anticapitalista e antiestatal como obra a ser realizada apenas por indivíduos das classes diretamente oprimidas, mas por todos aqueles que se sensibilizam e tomam posição contra o Estado e o capital. Guiado por essa perspectiva, Fábio Luz apoiava e participava das iniciativas dos trabalhadores anarquistas, proferindo conferências e palestras, escrevendo na imprensa operária, como em A Plebe, A Vida, Voz da União, Spartacus etc.

Universidade Popular

Um projeto de grande monta a que se dedicou, na área da educação, foi a instalação da Universidade Popular, voltada basicamente para a formação científica e política do proletariado. Embora tenha durado poucos meses, foi uma iniciativa que agregou nomes respeitados da intelectualidade carioca, como Elísio de Carvalho, Felisbelo Freire, Rocha Pombo, Evaristo de Moraes, Pedro do Couto, José Veríssimo, entre outros. Ao longo de décadas de atividade solidária e dedicada à anarquia, Fábio Luz conquistou assim o reconhecimento dos companheiros de militância.

Produção literária

Por outra parte, sempre fiel à ideia anarco-comunista de que a formação de uma mentalidade anárquica na sociedade é requisito indispensável para a eclosão e o sucesso de uma autêntica revolução social, transformava a literatura em outro campo de educação política, discussão social e propaganda anarquista. Para isso, a par de sua colaboração na imprensa ácrata, desenvolveu uma fértil atividade literária, ao escrever romances e novelas de temática social e de orientação anárquica. Foi assim um dos pioneiros do romance social no Brasil. Entre seus textos literários mais destacados mencionamos Ideólogo e Os Emancipados, romances; e Nunca e Manuscrito de Helena, novelas.

Contra o bolchevismo

Após o marco histórico da Revolução Russa de 1917, Fábio Luz exerce um papel saliente, ao lado de outros militantes, particularmente José Oiticica, no combate político às pretensões dos bolchevistas, os quais disputavam aos anarquistas a hegemonia dentro do movimento operário de então. Formando com José Oiticica e outros o grupo “Os Emancipados”, Fábio Luz participou da fundação de dois periódicos: “A Luta Social” e “Revolução Social”. Ambas as publicações apareceram como um espaço de guerra textual aos bolchevistas. junto com o grupo “Os Emancipados”.

Morte

Até seu falecimento, Fábio Luz manteve-se apegado aos seus ideais anarquistas, conforme demonstrava sempre, como quando tomou posse de uma cadeira na Academia Carioca de Letras, indiferente à aprovação ou não dos demais. Nos meios em que conviveu e circulou, aproveitava todas as oportunidades para fazer a propaganda do anarquismo.