Eugenia e História – Ciência, Educação e Regionalidades
O objetivo deste artigo é repetir sobre o modo como o tema da eugenia foi interpretado pelos anarquistas brasileiros, nas primeiras décadas do século XX. Este trabalho, ainda preliminar, pretende apenas situar algumas representações, sobre o tema proposto, presentes nos periódicos libertários, na literatura libertária de Octávio Brandão e nos textos individualistas de Maria Lacerda de Moura. Sabemos que o conceito de eugenia recebeu diferentes significados em encontros e embates em um espaço transicional de reflexão e constituição de um imaginário social. De modo geral, no pensamento libertário, a eugenia será vista como caracteristicamente ante estatal, opositora de práticas intervencionistas sobre os corpos e de restrição às liberdades individuais, enfatizará a educação sexual e o combate preventivo aos fatores sociais disgênicos que impossibilitariam o aperfeiçoamento humano. Podemos dizer que os anarquistas interagiram e se contrapuseram sistematicamente a narrativas tecnológicas e científicas presentes em diversas instâncias como na economia política ou na biologia, elaborando contra narrativas, narrativas da resistência. Estas contra narrativas caracterizam-se pelos processos de decodificação ou recodificação, recorrentes em seu ataque às narrativas científicas e tecnológicas hegemônicas, ressaltando o conflito e os efeitos negativos, no lugar do desenvolvimento harmonioso. Elas também podem reorganizar eventos familiares através de “diferentes orientações ideológicas” ou uma “diferente epistemologia”, produzindo novas narrativas de caráter libertário.