Élisée Reclus: A Atualidade do pensamento de um geógrafo anarquista do século XIX e sua contribuição para a construção de uma Geografia Libertária para o século XXI

Existe uma dificuldade em apresentar Élisée Reclus, teria sido ele um Geógrafo Anarquista ou um Anarquista Geógrafo? Dessa dificuldade em separar o homem e seu ideal de sua obra e em determinar uma hierarquia entre o seu ideal e o seu trabalho científico, talvez resida o segredo da riqueza de seu pensamento. Paulo Salles de Oliveira, em um pequeno artigo denominado “Caminhos de Construção da Pesquisa em Ciências Humanas”, cita Writght Mills e sua referência ao artesão intelectual, para lembrar que os pensadores mais admiráveis não separam seu trabalho de suas vidas, assim parece ser Élisée Reclus, um homem em que vida e obra confundem-se, o pesquisador e o objeto de pesquisa parecem fundir-se para dar vida às palavras e inspirar as ações. A inseparabilidade da ação política da científica, fez com que no lugar de praticar uma Geografia de Estado ou a serviço do Estado, o Geógrafo Anarquista ou o Anarquista Geógrafo, procura-se pautar-se por uma “Geografia Social”, uma Geografia que opõem o povo oprimido à elite opressora. Tal posicionamento científico e político rendeu-lhe o ostracismo conforme a avaliação de Manoel Correia de Andrade (1985, p. 11).