Anarquismo sem adjetivos – Vertentes do Anarquismo

Anarquismo sem adjetivos
Anarquismo sem adjetivos

Anarquismo sem adjetivos é a recusa em aprisionar a liberdade em moldes prontos. É a consciência de que o verdadeiro anarquismo não impõe um único modelo, mutualismo, coletivismo, comunismo libertário  mas celebra a diversidade de caminhos, desde que sejam livres, voluntários e sem autoridade forçada.

Nascido em 1890, no calor de um debate ideológico, esse conceito surgiu como um soco elegante no dogmatismo. Fernando Tarrida del Mármol cravou: se somos inimigos da imposição, então não há lógica em impor sequer o modelo anarquista. O sistema ideal? Aquele que cada um escolher por si, sem padres, sem chefes, sem salvadores.

Rocker, Malatesta, Voltairine de Cleyre, todos perceberam: o centro do anarquismo não é o “ismo”, é a liberdade. A base econômica? Que seja um laboratório de experiências e não um altar de fé.

Anarquismo sem adjetivos é admitir o caos criativo como princípio, a pluralidade como força. É entender que um anarco-hermitão pode coexistir com um anarco-sindicalista, desde que ninguém oprima ninguém. É o grito lúcido: “não me rotule, não me siga, escolha e construa o seu próprio caminho”.

Enquanto houver quem queira mandar e quem aceite obedecer, o anarquismo sem adjetivos seguirá como heresia, uma ameaça à ordem, uma fagulha incômoda de autonomia pura. Num mundo viciado em autoridade, pensar sem rótulo ainda é o ato mais radical.

O anarquismo sem adjetivos é uma ideia que defende que diferentes escolas de pensamento anarquistas podem e devem conviver simultaneamente. Dá espaço à voluntariedade das pessoas (sobre seus corpos, mentes e bens) para eleger o tipo de associação que considere cada um mais favorável e preconiza a livre experimentação de modelos legais e econômicos.
A origem do termo data do ano 1890, durante uma polêmica sobre um sistema econômico para o anarquismo entre os mutualistas, anarco-coletivistas e comunistas libertários de vários países, publicada no jornal francês La Révolte, quando Fernando Tarrida del Mármol enviou uma carta ao periódico expondo como se interpretava no movimento libertário espanhol a questão do desenvolvimento de uma sociedade anarquista:
[…] acreditamos que ser anarquista significa ser inimigo de toda autoridade e imposição, e por conseqüência, seja qual for o sistema que se preconize, é por considerá-lo a melhor defesa da Anarquia, não desejando impô-la a quem não a aceita.

Para estes anarquistas as preferências econômicas são consideradas de “importância secundária” frente à abolição de toda autoridade involuntária e permanente, e a livre experimentação é a única regra de uma sociedade livre. Rudolf Rocker disse sobre os diferentes tipos de anarquismo:
(apresentam) somente diferentes métodos da economia, possibilidades práticas que ainda não se comprovaram, e que o primeiro objetivo é garantir a liberdade pessoal e social dos homens não importa sobre que base econômica ela se dê.

Anarquistas conhecidos que chegaram em algum momento a se considerarem eles próprios sem adjetivos, foram Errico Malatesta e Voltairine de Cleyre. Atualmente também existem anarquistas que se denominam “sem adjetivos”:
Não tenho nenhum prefixo ou adjetivo para o meu anarquismo. O sindicalismo creio que pode funcionar, como pode o anarcocapitalismo de mercado livre, o anarco-comunismo, inclusivo anarco-ermitãos, dependendo da situação.