A revolução em Rojava jin, jiyan, azadî (mulheres, vida, liberdade)

O povo curdo é a maior nação sem Estado do mundo. Como apátridas, vivendo no sistema de Estado-nação, encontram-se numa complexa condição de vulnerabilidade social para além de sua localização geográfica, centrados em território de quatro Estados (Turquia,Irã, Iraque e Síria), enfrentam graves desafios políticos, socais e econômicos, o que ameaçam a sua sobrevivência. Limitados pelas estruturas dos Estados à sua volta, cercados pelas fronteiras e subjugados por décadas aos interesses dos grupos dominantes, os curdos viram na luta armada e, mais recentemente, no Confederalismo Democrático uma alternativa efetiva para dar voz a um novo modelo de sociedade, contrastando com o modelo chauvinista de construção nacional, típico do Oriente Médio. Tal sistema social, idealizado por Abdullah Öcalan, líder do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), reúne conceitos de Murray Bookchin (municipalismo libertário e ecologia social) e Immanuel Wallerstein, estruturando-se sobre três eixos: a democracia radical de base, libertação das mulheres (luta antipatriarcal) e ecologismo (anticapitalismo). Os últimos vinte anos foram decisivos na reestruturação da ideologia do PKK, principalmente se considerarmos o papel essencial desenvolvido pelas mulheres. Foram as mulheres curdas que trouxeram, em maior medida, a necessidade da construção de um sistema social que se opusesse ao patriarcado, dada a necessidade de estruturação de um projeto político e social que tenha como eixo central a libertação das mulheres, surge assim a  jineology. Considera-se que o Estado é o problema, sendo o grande replicador da desigualdade, do sexismo e o pilar que sustenta a sociedade patriarcal. O processo revolucionário implementado em Rojava ganha força a partir da guerra civil síriaaplicando o Confederalismo Democrático a despeito das estruturas vigentes. Tal revolução resultou na criação de três cantões, autogestionados e estruturados em autonomia democrática.São eles: Cizre (Al-Jazeera), Kobanê e Efrin, objetos de nossa pesquisa. A revolução emRojava busca a libertação curda pelas vias da autonomia, a autogestão e a participação política e social de todos seus participantes.

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