Octave Mirbeau

Octave Henri Marie Mirbeau
Octave Henri Marie Mirbeau

Octave Henri Marie Mirbeau (1848 — 1917) foi um notável escritor, crítico de arte, jornalista e entusiasta do anarquismo nascido na França. Autor de diversos romances e peças teatrais, é considerado uma das personalidades mais originais da literatura francesa da chamada “Belle Époque”. Tolstoi certa vez o definira como “o maior escritor francês contemporâneo e aquele que melhor representava o gênio secular da França”.

Octave Mirbeau nasceu em um vilarejo do Trévières, na Normandia em 16 de Fevereiro de 1848, filho de uma família de posses, sendo seu pai médico de profissão. Passou a infância em Rémalard, no Perche, vindo a estudar no colégio jesuíta de Vannes. Após os conflitos de 1870 Mirbeau acompanha os martírios aos quais são submetidos os communards pela Terceira República Francesa, e diante dos ocorridos passa a contestar tanto o estado como a elite da qual fazia parte.
Sua estreia como jornalista se dá a serviço dos bonapartistas e seu debute literário (L’Écuyère, 1882, La Belle Madame Le Vassart, 1884) como “negro”, nome que adotaria como pseudônimo logo após as grandes mudanças de 1884-1885. A essa época coloca sua pluma a serviço de seus próprios valores éticos e estéticos, combinando literatura e política. Suas obras se caracterizam por seu anticlericalismo e seu antimilitarismo. Foi um personagem comprometido com todas as lutas de seu tempo em busca de justiça social.
Crítico de arte e de literatura, conviveu com grandes nomes de sua época: foi defensor de Auguste Rodin, Claude Monet, Camille Pissarro, Paul Cézanne, Félix Vallotton e Pierre Bonnard, “descobriu” Vincent Van Gogh, Camille Claudel, Aristide Maillol , Maurice Maeterlinck, Marguerite Audoux e Maurice Utrillo.

Entusiasta do anarquismo e ardente deyfusista, encarna o protótipo de intelectual comprometido com os assuntos públicos de sua época, assumindo como dever primordial desmistificar as instituições que alienam e oprimem. Nesta tarefa buscou constituir uma estética da revelação que levasse a lucidez, capaz de obrigar os voluntariamente cegos a encararem a realidade das injustiças do mundo. Combateu a sociedade burguesa e a economia capitalista, fazendo frente a formas literárias e estéticas tradicionais que contribuíam para anestesiar consciências, rejeitou o naturalismo, o academicismo e o simbolismo, buscando seu caminho entre o impressionismo e expressionismo.

Morte

Com o início da Primeira Guerra Mundial em 1914 Octave Mirbeau se converteu em um pacifista desesperado que sozinho denunciava a aberração criminosa da violência das guerras nas quais os pobres morriam para que os ricos pudessem ficar ainda mais ricos. Morreu após nove anos de doenças constantes no mesmo dia em que completava 69 anos, em 16 de Fevereiro de 1917.

Glória póstuma

Mirbeau nunca foi completamente esquecido tendo suas obras publicadas continuamente em mais de trinta línguas. No entanto, apesar de sua imensa produção literária, seu trabalho tem sido injustamente reduzido a apenas três de suas obras, e ela tem sido considerada política e literalmente incorreta, atravessado um amplo período de incompreensão por parte dos autores de manuais e estudiosos da história da literatura.
Mais recentemente Mirbeau tem sido redescoberto e lido sob uma nova perspectiva. Uma nova apreciação de sua obra bem como de seu importante papel de envolvimento e desenvolvimento da cena política, literária e artística da Belle Époque.