O terrorismo anarquista no Brasil da Primeira República: construções de sentidos de militantes e a repressão governamental

Este artigo possui como tema central manifestações do terrorismo anarquista no Brasil das primeiras décadas da República. Através de alguns eventos pontuais, são discutidas as construções dos sentidos dessas ações por militantes no país e as formas de repressão às mesmas pelo Estado.

As últimas décadas do século XIX são tidas por parte da memória e história do anarquismo internacional como um período marcado pela violência dos atentados terroristas, quando alguns anarquistas (uma pequena minoria) defenderam e praticaram estratégias de ataque direto a figuras de representação de poder, chegando a assassinar reis, políticos, juízes

Policiais e “burgueses” de forma geral.1 Alguns nomes como Ravachol, Auguste Vaillant, Geronimo Caserio e Émile Henri seriam internacionalmente conhecidos através, principalmente, da divulgação de seus feitos pelas rápidas mensagens telegráficas e, em seguida, pela imprensa de cada país.2 As ações do terrorismo anarquista não ocorreram com a mesma intensidade e impacto no Brasil, mas os casos existentes, unidos às notícias frequentes chegadas de outros locais entre as décadas de 1890 e 1920 – limite cronológico deste texto – foram suficientes para levar militantes libertários no país e o próprio governo brasileiro a problematizar a questão.