Não sirva e encontre a liberdade, ensinou La Boétie
La Boétie – A recusa em obedecer aos tiranos e a luta pela liberdade podem desestabilizar o poder tanto ou mais do que o uso da força, esse é o grande achado do escritor francês Étienne de La Boétie em seu breve livro do século 16, Discurso da Servidão Voluntária. Para La Boétie, os tiranos sobrevivem da servidão voluntária, se o cidadão se libertar dos grilhões, o governo se enfraquece naturalmente.
A ideia da desobediência civil na briga contra a injustiça e o arbítrio, muito utilizada na luta política nos anos 60, formulada pelo pensador Henry Thoreau no século 19 sofreu forte influência também do livro de La Boétie, que destacou-se no contexto de textos panfletários, em sua maioria de escritores protestantes, contra os constantes abusos da monarquia.
A data do texto é discutida até hoje, seu grande amigo, o escritor Michel de Montaigne revelou que ele escreveu Discurso da Servidão Voluntária quando tinha apenas 18 anos. Acredita-se que ele começou a escreveu o livro entre 1546 e 1548, ou seja, ainda adolescente, ele nasceu em 1530. A obra mais conhecida de La Boétie só foi publicada após sua morte em 1563. Montaigne bancou a publicação de Servidão e outros escritos do amigo em 1571.
No livro, Boétie se mostra fascinado pelas intrigas da corte romana de onde extrai valiosas lições dos meandros da política, aborda as fraquezas da tirania e tece loas à liberdade. O inconformismo do escritor com a incongruência entre a natureza humana e o ato de obedecer, ao cúmulo de alguns rastejarem perante o governo da vez, inspira a luta democrática até hoje.
O escritor perdeu seu pai, Antoine, muito cedo aos 10 anos e provavelmente sua mãe (esse dado histórico não pode ser totalmente confirmado) e passou a ser criado por um tio que também era seu padrinho. O tio assegurou uma boa educação ao sobrinho que estudou autores clássicos romanos e gregos. Na Universidade de Orléans, estudou Direito e ampliou seus interesses no estudo da Filosofia, História e Poesia.
Via: ZonaCurva