Movimentos antiglobalização & práticas anarquistas

Os movimentos antiglobalização emergem no cenário político em meados dos anos 90 como formas de resistências ao neoliberalismo e à globalização. Reconhecendo como inspiração original o Exército Zapatista de Libertação Nacional, a Ação Global dos Povos (AGP) é fundada em 1998, tendo como proposta ser uma coordenação mundial de resistências contra o mercado mundial, posteriormente contra o capitalismo, com uma nova proposta de organização: não mais a hierarquia do Partido, mas a horizontalidade da rede, que permitiria múltiplas conexões com diversos movimentos. Esse novo modelo de organização permitiu que alguns marxistas, notoriamente Antonio Negri, apreendessem esse novo tipo de organização e resistência no conceito de multidão, que se pretende uma atualização do conceito de proletariado na tradição marxista. Dentre as ações coordenadas pela AGP os Dias de Ação Global, dos quais os mais conhecidos são Seattle (1999) e Gênova (2001), ganham destaque por utilizarem certas práticas oriundas do anarquismo nessas manifestações, especialmente a ação direta. O presente texto procura então mostrar como essas práticas são utilizadas nos Dias de Ação Global pelos diversos movimentos que a compõe, dando especial atenção à prática da ação direta, e como os anarquistas se deslocam dentro, e fora, da rede constituída por esses movimentos.