[Enteogenia] A espiritualidade libertária

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As religiões primitivas surgem quando o ser humano passa a filosofar sobre o meio externo no qual vive – tempestades, a rota do sol, as estações, a maré etc., passam a ser questionados, venerados ou temidos. Desde então no mundo foram criados os alicerces das inúmeras explicações do sobrenatural, em outras palavras religiões.

Teorias religiosas surgem, umas permanecem, outras se vão, outras se transformam, e a humanidade ao longo do tempo vai acumulando um conhecimento que passa por gerações que ora são distorcidos, ora conservam a essência da fonte criadora.

As religiões têm em comum a linearidade. Tendem a defender um caminho evolutivo no qual o ser humano parte de um estado bruto para um estado lapidado, o que seria a perfeição espiritual, a iluminação pelo reino de Deus.

E o que a enteogenia tem a ver com isso? Nada e tudo.

A espiritualidade da humanidade tem estado atada aos conhecimentos religiosos, mesmo nas religiões que incitam o desenvolvimento do eu interior. Pessoas se interessam pelo desenvolvimento espiritual e vão buscar bases para a construção do seu caminho nas religiões. Portanto a espiritualidade humana está diretamente ligada ao conhecimento acumulado da própria humanidade.

O que seria a enteogenia além do uso de substâncias naturais que alteram a consciência?

O caminho inverso, livre dos condicionamentos humanos. Puro em essência, direto.

A enteogenia dá acesso direto à planos superiores e à estados supra-humanos, desperta faculdades ora adormecidas e conecta o ser com toda a Energia que o cerca.

Por que defende-se a linearidade na qual inicia-se pela teoria religiosa (leitura) e vai para a prática religiosa (oração, rituais, meditação etc.)?

No fundo os defensores do não uso de substâncias alteradoras de consciência para a evolução espiritual nada mais defendem do que uma moral religiosa, um dogma. Mesmo aqueles que defendem a liberdade do espírito, mas são contra o salto quântico que os enteógenos causam na evolução espiritual, estão condicionados às referências religiosas, mesmo sem se dar conta disso. O que determina que num universo não linear, relativo e múltiplo tenha de haver um início e um fim da espiritualidade? Isso é apenas mais uma convenção religiosa.

Acessar planos elevados de consciência via enteógenos abre diversas possibilidades ao espírito. Sentir o Todo e saber que ele existe. Sentir a energia universal fluindo por si mesmo, por tudo e por todos e saber que ela existe. Sentir o silêncio e saber que ele é um estado onde não há tempo, espaço, sujeito ou objeto, pois tudo é um. Isso tudo sem precisar ler uma linha sequer das teorias religiosas. Como descartar essa infinidade de possibilidades de acesso às mais elevadas condições do espírito em uma só vida, em uma única existência? Isso é enteogenia.

Por que não se conhecer o fim para traçar um caminho, um meio? Isso elimina muitas das dúvidas que fazem as pessoas perderem tempo e até vidas se questionando da validade de suas práticas espirituais. Por que não conhecer o fim para o qual essas práticas estão levando, ou seja, por que não ter a enteogenia como um norte para o desenvolvimento espiritual em vez de relegá-la ao simples conceito – limitado, falso e moralista – de alucinação ou alteração química do funcionamento cerebral? Só pode falar dos estados enteogênicos quem já passou por uma experiência do tipo, e creio que todos por aqui hão de concordar com isso.

A enteogenia é muito mais do que a sociedade civil e religiosa define, mas não deve se propor a um embate entre os acessos empíricos que provoca contra o discurso religioso e sim unir-se a esse para complementar o conhecimento da humanidade sobre o universo, elevando o patamar espiritual da sociedade a planos superiores de consciência, inteligência e espiritualidade. Associar algumas práticas religiosas, como a circulação energética, por exemplo, ao uso de enteógenos tem resultados incríveis.

Feliz é quem tem a oportunidade de sentir o silêncio e buscá-lo através dos atos de sua vida.

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