O reino de Deus está em vós de Liev Tolstói – Livro

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Pertence ao segundo período da vida do escritor, depois que ele passou por uma violenta crise espiritual quando completara os cinquenta anos (1878). Em seu livro, Minha Confissão (1882), conta que, cansado de seus mundanos êxitos literários (já havia publicado Guerra e Paz em 1868, e Ana Karenina em 1875 — romances que o fizeram, já em vida, mundialmente famoso), parte em busca da fé viva. Primeiro, entabula debates com os filósofos do tempo, e nada. Depois frequenta os teólogos. Estes também não lhe deram a luz desejada. Finalmente mete-se no meio do povo pobre.  Aí dá-se conta do que é na verdade a fé para aquela gente. Percebe que para os pobres a fé não é assunto de conversas inconsequentes, mas uma questão vital. “Só a fé lhes dava possibilidade de viver.” É isso que provoca sua conversão. Depois disso, Tolstoi passa a se dedicar menos à literatura e mais ao gênero ensaístico. Entende sua tarefa de escritor como uma verdadeira missão religiosa. Já que não pode fazer mais, quer pelo menos pôr a pena a serviço de Deus. Escrever torna-se para ele, como afirma em seu Diário, uma “necessidade diante de Deus” (28/10/1895). Quando escreve, sente-se inspirado por Deus: ‘Teço a todos os meus amigos, vizinhos e distantes… que prestem atenção àquela parte de minha obra na qual, eu sei, falava através de mim a força de Deus — e a utilizem para a sua vida…” (Diário, 27/3/1895). Até o fim de sua longa vida (viveu 92 anos) só de ensaios produziu
mais de duzentos títulos. Sua obra completa chega a noventa volumes nas “Edições de Jubileu” (Moscou, 1928-1958). Pois bem, O Reino de Deus Está em Vós representa a obra máxima de Tolstoi. Em comparação dela, ao autor seus já famosos romances parecem-lhe obras menores.
Em seu Diário, chega a declará-los “tolices” (6/12/1908), algo próximo a serviços de alcova; mais propriamente, conversa fiada de feirante para atrair fregueses com o objetivo de lhes vender depois outra coisa, bem diferente (Diário, 28/10/1895). Foi a obra que lhe custou mais trabalho, como confessou ao fiel secretário Chertkov. Levou três anos para terminá-la (1890-1893), justamente no momento em que o escritor chegava ao cume de sua maturidade intelectual — 65 anos de idade. A dificuldade não era só a relevância e a originalidade do tema, mas também o fato de ter que andar por toda a parte organizando refeitórios populares para ajudar os pobres a vencer a terrível crise de 1891. Como se vê, Tolstoi era um escritor verdadeiramente comprometido com os humildes.

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