As eleições servem para que(m)?

De quatro em quatro anos assistimos ao que a mídia chama de “festa da democracia”. É quando a lei nos obriga a votar em políticos que supostamente vão representar e defender os interesses do povo. Surgem dezenas de candidatos pedindo nosso voto, fazendo suas promessas e jurando honestidade. Mas sabemos que eles só dão as caras nas ruas em período eleitoral. Enfim, anos e décadas se passam e os discursos parecem nunca mudar, como não muda o descaso crônico do poder público em áreas como saúde, educação, moradia, entre outros.

As eleições servem para que(m)? 

 

Historicamente, a democracia representativa e as eleiçõesNUNCA foram responsáveis por nenhum tipo de transformação concreta rumo a uma sociedade justa e igualitária, onde as necessidades do povo são realmente atendidas. Pelo contrário, Lula, por exemplo, já afirmou que os banqueiros nunca ganharam tanto quanto em seu governo, e agora, Dilma faz os mega empresários darem pulos de alegria com suas privatizações e retirada dos direitos conquistados com a luta de nós trabalhadores.No município, as “previsões” eleitorais apontam para a continuidade das políticas de criminalização dos pobres e dos movimentos sociais, onde são tratados como caso de polícia. Junto a isso vem o despejo de comunidades inteiras para a infra estrutura das Olimpíadas e da Copa do Mundo ao invés de resolver os problemas do povo.

O Estado remove os moradores de favelas, utilizando laudos técnicos que condenam casas supostamente em áreas de risco, favorecendo os ricos: empresários e especuladores imobiliários. Essa mesma lógica de “tudo para os ricos e nada para os pobres” atinge outros serviços essenciais. Na educação, na saúde e nos transportes públicos, pouco investimento, sucateamento e muito dinheiro para os empresários, empreiteiras e empresas privadas. Curiosamente são estas que financiam as campanhas da maior parte dos candidatos.A alternativa apresentada pelos partidos de esquerda também não foge muito disso.

Discursam muito sobre o chamado “voto consciente” ou sobre o “voto crítico”,  como se as mudanças passassem pelo ato individual de votar nas eleições. Seja o candidato do rosto simpático, que encontra voz nos anseios e sentimentos conservadores (ou passivos) de setores da classe média, ou aquele da radicalidade que não passa do discurso. Na prática, tudo isso traduz-se em centralismo político, pois esses partidos, apesar do discurso democrático para as “bases” se organizam de cima para baixo.Mesmo que se digam preocupados em “ouvir a opinião povo”, não hesitarão em ter “pulso firme” com os trabalhadores, cortar o ponto dos grevistas “se for necessário”, reprimir e manter as mesmas políticas de seus “opositores” se tiverem que garantir a governabilidade ou alavancar suas carreiras políticas (como foi o caso do PT).

As eleições garantem a participação política do povo? 

Não! Pois as eleições e a democracia representativa fazem parte do problema, e não da solução, reforçando a desigualdade social e legitimando que os ricos e poderosos continuem a concentrar poder para oprimir e explorar o povo. Frente a isso,construímos desde já o poder popular, nos locais de moradia, trabalho e estudo, tendo o povo como protagonista das lutas. Povo organizado em movimentos sociais urbanos e rurais. Decidindo e propondo junto, de baixo para cima para resolver nossos problemas com autonomia política e econômica, independente de partidos, políticos, governos e empresas. São muitos os exemplos de movimentos sociais do campo e da cidade com cultura, educação, investimento coletivo, oficinas e atividades de produção coletiva, assim como reivindicações e mobilizações de base onde o povo fala sem intermediários e constrói o poder popular.

Entendemos que a autogestão e o federalismo devem fundamentar a base de nosso programa de intervenção na criação e participação nos movimentos populares. Um programa que não troque sua independência de classe por cargos, favores ou razões governistas. Devemos atuar como motor e fermento nas lutas sociais, que é onde se constrói o poder popular e o novo sujeito histórico. Não devemos ter ilusão com o Estado, pois historicamente ele é o aparelho político da classe dominante que absorve e destrói nossos sonhos. O socialismo com liberdade não se produz com as armas do velho mundo. Os meios determinam os fins e só umpovo forte, unido pela solidariedade de classe e por meio da ação direta pode produzir uma verdadeira transformação rumo à revolução social e ao Socialismo Libertário!

Chega da farsa da democracia representativa! Pelo poder popular!

Federação Anarquista do Rio de Janeiro – FARJ

Integrante da Coordenação Anarquista Brasileira – CAB

Fonte: www.farj.org