Ricardo Flores Magón

Ricardo Flores Magón
Ricardo Flores Magón

Cipriano Ricardo Flores Magón (San Antonio Eloxochitlán, 16 de setembro de 1874 — Fort Leavenworth, 21 de novembro de 1922) foi um dos mais notáveis anarquistas nascidos no México. Possuiu vasto conhecimento acerca das reflexões propostas pelos grandes teóricos do século XIX, entre os quais Mikhail Bakunin, Pierre-Joseph Proudhon, Max Stirner e Elisée Reclus, bem como da obra dos socialistas Karl Marx e Henrik Ibsen, inspirando-se, sobretudo, nas idéias de Piotr Kropotkin na construção de sua própria concepção de luta revolucionária. Dialogou com Charles Malato, Errico Malatesta, Anselmo Lorenzo, Emma Goldman e Fernando Tarrida del Mármol, dos quais era contemporâneo. Junto com seus irmãos, Jesús e Enrique Flores Magón, foi fundador e redator do periódico libertário Regeneración, bem como do movimento revolucionário conhecido como Partido Liberal Mexicano. Suas idéias tiveram profundo impacto no contexto em que viveu sendo também profundamente influenciadas por ele. Sempre atribuiu grande valor ao senso de comunidade e de autonomia existente entre os povos indígenas, sempre militando em seu favor. Suas reflexões e atos contra a tirania latifundiária defendida ferrenhamente pela ditadura de Porfirio Díaz levaram à emergência da Revolução Mexicana.

 

Primeiros anos

Ricardo Flores Magón nasceu em uma família humilde em San Antonio Eloxochitlán, no estado mexicano de Oaxaca em 16 de Setembro de 1874. Era o segundo dos três filhos de Margarita Magón, de origem mestiça. Seu pai Teodoro Flores era indígena do povo Nahua e um oficial do exército que havia combatido em diferentes guerras entre estas, contra a invasão estadunidense, no exército liberal de Benito Juárez na Guerra da Reforma e contra o império de Maximiliano. Seu irmão mais velho, Jesús, que nascera dois anos antes de Ricardo, em 1871, romperia com ele na idade adulta; já Enrique, seu irmão mais novo, nascido em 1877, lhe acompanharia durante quase toda sua vida. Ricardo e seus irmãos viveriam seus primeiros anos no estado de Oaxaca, convivendo intensamente com os indígenas habitantes da Serra Mazateca, tendo contato com sua cultura, suas formas de vida comunalistas e igualitárias. As vivências de sua infância povoariam indelevelmente suas referências e sua memória.

Aos oito anos de idade emigrou com sua família para a Cidade do México onde estudou na Escola Nacional Preparatória, à época uma instituição de orientação comteana, para posteriormente ingressar na universidade para o curso de direito sem no entanto concluí-lo. Em 1893 participou de revoltas estudantis contra a terceira reeleição, à base de todo tipo de fraudes, para a presidência do México do general Porfirio Díaz. Nesse mesmo ano começa a trabalhar como tipógrafo e redator de textos para o jornal La Oposisión Democrata. Foi junto a este meio que Ricardo se familiarizou com o ofício de periodista, que mais tarde seria empregado em favor de seus ideais libertários.